**Domingo, 15 de Outubro**
Os médicos disseram que a cirurgia era urgente. Que não podiam esperar mais. O tumor crescia rápido demais. As chances de sobrevivência eram apenas vinte por cento. Foram diretos: ou ela entrava na sala de operações naquele momento, ou dentro de alguns meses seria tarde demais. Mas a mulher sabia que podia nunca mais acordar e, por isso, pediu para ver a sua cadela uma última vez.
— Por favor — a voz tremia. — Deixem-me ver a minha cadela… antes de começarem.
Os médicos trocaram olhares. Mulher, 43 anos. Sozinha. Sem família, sem filhos. Apenas uma cadela — uma velha e leal pastor-alemão chamada Luna. Viviam juntas há mais de dez anos. Luna esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis: depois da perda dos pais, do divórcio, das doenças.
— Dez minutos — concedeu um dos médicos, relutante.
Quando Luna entrou, ficou confusa com os cheiros e paredes brancas do hospital, mas assim que reconheceu a dona, correu para ela.
— Olá, minha menina — a mulher acariciou o pêlo macio. Lágrimas caíam sobre as mãos. — Perdoa-me… Perdoa por te deixar. Eu tenho medo, mas tu não tenhas. Minha sabichona, amo-te tanto.
A cadela encostou-se a ela, quieta, mas de repente… ficou em alerta.
Luna rosnou. Não era um som de medo. A dona, confusa, ergueu-se apoiando-se nos cotovelos quando viu a sua fiel companheira colocar-se entre ela e os médicos que entraram no quarto com a maca.
— Luna, o que estás a fazer? Calma! — exclamou, assustada. Mas a cadela continuou a rosnar.
Um dos médicos avançou para a levar para a cirurgia, mas Luna atirou-se para a frente — e mordeu-lhe o braço. Nunca tinha feito aquilo antes…
Os médicos ficaram em choque ao perceber o porquê daquele comportamento. 😲😱
— Tirem a cadela daqui! — gritaram as enfermeiras.
A mulher observava tudo, paralisada. Luna ladrava e uivava, debatendo-se como se quisesse dizer algo importante, algo urgente, algo que só ela compreendia.
Foi então que a dona entendeu.
— Parem — falou com dificuldade. — Eu… recuso a cirurgia. Façam novos exames. Agora.
— Isto é loucura — protestou o médico, segurando o braço enfaixado. — Está a arriscar a sua vida!
— Sinto que… preciso de ter certeza. Ela… está a sentir algo. A minha cadela nunca agiu assim.
Naquela noite, repetiram os exames. Radiografias. Ressonâncias.
Nenhum dos médicos acreditou no que viu.
O tumor desaparecera. Por completo. Nenhum vestígio. Como se nunca tivesse existido.
Uma semana depois, ela já passeava com Luna pelo Parque da Cidade. Sem soro. Sem pontos. Sem medo.
Ajoelhou-se diante da cadela, encostou a cabeça ao seu peito.
— Salvaste-me. Tu sabias. Como?…
Luna respirou fundo, lambeu-lhe a face e apoiou a cabeça no seu ombro.
**Lição do dia:** Às vezes, a lealdade fala mais alto do que a razão. E os animais, esses seres que julgamos silenciosos, podem sentir o que nem a ciência explica. Nunca subestimes o instinto daqueles que te amam.