O sangue escorria pela testa de Beatriz Mendes enquanto se arrastava pelo chão de mármol, segurando as costelas como se fossem despedaçar-se. O homem que devia amá-la — seu marido, Ricardo — impunha-se sobre ela, segurando um taco de basebol embebido no seu sangue.
—Não prestas para nada — cuspiu ele, com um olhar mais frio que o inverno no Porto. — A Sofia merece muito mais do que tu alguma vez poderás oferecer.
Sofia — a amante —, a mulher que o convenceu de que Beatriz era um peso morto na sua vida.
Naquela noite, a crueldade de Ricardo ultrapassou todos os limites. Beatriz recusara-se a assinar os papéis para transferir a casa para o nome dele, e num acesso de fúria, ele brandiu o taco sem hesitar. Os vizinhos ouviram os gritos, mas ninguém se atreveu a intervir — Ricardo era uma figura temida em Coimbra, e todos sabiam do seu poder.
Quando tudo acabou, Beatriz jazia inconsciente, o corpo marcado de hematomas, a alma em frangalhos.
Mas Ricardo cometeu um erro fatal: esqueceu-se de quem Beatriz Mendes realmente era. Esqueceu-se de que os seus três irmãos — Tiago, Rodrigo e Afonso Mendes — não eram simples protetores.
Eram os CEO das três maiores empresas de Portugal.
Quando Tiago recebeu a chamada do hospital, sua voz tornou-se gelo puro.
— Quem fez isto à minha irmã? — perguntou à enfermeira.
No momento em que ela sussurrou o nome, ele não disse mais uma palavra.
Em questão de horas, três jatos privados levantaram voo de Lisboa, Porto e Faro, todos com o mesmo destino: a pacata cidade onde Ricardo julgava-se intocável.





