Casarei com a próxima mulher que entrar por essa porta,” declarou o CEO — mas quando a porta se abriu, ele ficou sem fôlego.

Hoje, todos na sala de reuniões ficaram em silêncio quando o bilionário Diogo Mendes, CEO da MendesTech, recostou-se na sua cadeira de couro, sorriu com arrogância e disse: “Vou casar com a primeira mulher que entrar por aquela porta.” As palavras pairaram no ar como um desafio, uma provocação ou talvez — quem sabe — uma confissão disfarçada de orgulho.

Os homens e mulheres em volta da mesa olharam para ele, incertos se ele brincava. Afinal, Diogo Mendes não era conhecido por sentimentalismos. Era famoso pelos números, por aquisições implacáveis e por ser o bilionário mais jovem no mundo da tecnologia em Lisboa. Amor, romance ou até mesmo relacionamentos não pareciam fazer parte da sua vida polida e calculista.

Mas agora ele dissera aquilo. E ninguém ousou rir.

Diogo odiava casamentos. Acabara de voltar do casamento extravagante do seu irmão mais novo na Costa Vicentina, onde o amor fora exibido como um troféu e os convidados brindaram ao “para sempre” como se fosse uma marca de vinho.

Detestava como todos olhavam para ele, perguntando quando seria a sua vez — como se o casamento fosse um rito de passagem em que ele estivesse atrasado. Como se ser casado completasse alguém.

Revirou os olhos durante o evento inteiro e voltou para casa com um desgosto renovado por qualquer coisa que lembrasse compromisso.

Foi assim que, quando o seu assistente executivo, Tiago, provocou-o dizendo que ele nunca se casaria porque tinha “medo de conexões verdadeiras”, Diogo reagiu.

“Tudo bem,” disse. “Vou provar que isso tudo é bobagem.”

“Como, exatamente?” perguntou Tiago.

“Vou casar com a primeira mulher que entrar por aquela porta,” declarou, apontando para a entrada de vidro da sala de reuniões.

Um murmúrio de incredulidade percorreu a sala.

“Estás a falar a sério?” perguntou Matilde, a sua diretora de marketing.

“Totalmente sério,” Diogo respondeu. “Ela entra, conversamos, faço o pedido. É simples assim. O amor é uma transação. Nada mais. Assino os papéis, visto a aliança, sorrio para as câmeras. Vamos ver quanto tempo dura.”

Todos o encararam, uma mistura de cepticismo e desconforto nos rostos. Mas Diogo não vacilou. Ele falava a sério — ou, pelo menos, achava que sim.

Lá fora, passos ecoaram no corredor.

Alguém se aproximava.

A equipa virou-se nas cadeiras, esperando para ver quem o destino — ou a loucura — escolheria.

Então, a porta abriu-se.

E Diogo paralisou.

Não era quem ele esperava.

Na verdade, ela nem sequer devia estar ali.

Não estava vestida com marcas de luxo ou um blazer impecável. Usava jeans, uma t-shirt cinza com o logótipo desbotado de uma livraria e trazia nas mãos um monte de correspondência entregue por engano.

O cabelo estava preso num rabo-de-cavalo desalinhado, desarrumado pelo calor do verão, e os seus olhos estavam arregalados enquanto parava, confusa com toda a atenção repentinamente voltada para ela.

“Acho que isto foi entregue no andar errado,” disse, erguendo as cartas. “Sou da—”

“Quem és tu?” Diogo interrompeu, levantando-se da cadeira.

Ela pestanejou. “Sou… a Vera. Vera Sousa. Trabalho na pastelaria do 5.º andar.”

Um riso contido percorreu a sala, mas Diogo não riu. Nem sequer piscou os olhos.

O seu coração, que raramente fazia mais do que bater por eficiência, falhou.

Porque havia algo nela. Algo completamente fora do lugar no seu mundo meticuloso de metas trimestrais e projeções anuais.

Devia ter dado risada, chamado aquilo tudo de brincadeira, mas as suas próprias palavras — “Vou casar com a primeira mulher que entrar por aquela porta” — ecoaram na sua cabeça como um desafio do universo.

E, pela primeira vez em muito tempo, ele não soube o que dizer.

Vera, ainda mais confusa, ergueu uma sobrancelha. “Isto é… alguma reunião?”

“Sim,” Diogo respondeu, recuperando a compostura. “Sim, é. E tu acabaste de entrar nela.”

De volta ao escritório, Diogo reviu a cena na mente. Não conseguia parar de pensar nela — na forma como inclinara a cabeça com curiosidade, na sua honestidade, na completa indiferença em relação a quem ele era.

“Não acredito que vais fazer isto,” disse Tiago, seguindo-o.

“Disse que faria,” respondeu Diogo.

“Ela é uma pasteleira, Diogo.”

“É uma mulher. Nada mais importava, lembras-te?”

“Mas ficaste parado. Hesitaste.”

“Ela surpreendeu-me, só isso.”

“Então, vais mesmo pedi-la em casamento?”

Diogo olhou para o horizonte de Lisboa, a sua expressão impenetrável. “Sim. Vou.”

E assim, o homem que achava o amor uma piada começou a planear um pedido de casamento — a uma desconhecida que entrara por engano.

Mas ele não sabia que Vera Sousa não era apenas uma pasteleira.

E muito menos sabia o que ela estava a esconder.

Dois dias depois, Diogo parou à frente da pastelaria no 5.º andar do prédio que ele próprio possuía — um lugar onde nunca pusera os pés até aquele dia. Estagiários e colegas observaram-no entrar, alguns fingindo não reparar, outros sussurrando por trás dos telemóveis.

Atrás do balcão, Vera limpava a máquina de café, o cabelo apanhado, cantarolando baixinho.

Ele limpou a garganta.

Ela ergueu o olhar, surpresa. “Ah. És tu outra vez.”

“Eu outra vez,” disse ele, sorrindo.

“Ainda a transformar aquela reunião numa novela?”

“Não,” respondeu, tirando uma pequena caixa de veludo do bolso. “Vim perguntar se te casas comigo.”

Vera ficou a olhar.

Depois riu-se. “Estás a falar a sério?”

“Tão sério como quando o disse.”

“Isso é… completamente louco.”

“Eu sei,” admitiu. “Mas é uma loucura boa.”

Ela inclinou-se para a frente, o rosto suavizando-se. “Olha, não sei que jogo estás a jogar, Sr. CEO. Talvez estejas aborrecido, ou a tentar provar algo. Mas não sou uma peça na aposta de ninguém.”

“Não é uma aposta,” disse Diogo. “É… uma declaração. Um salto. E quero que o dês comigo.”

Ela hesitou. “Não sabes nada sobre mim.”

“Então deixa-me descobrir.”

Três semanas depois, Diogo e Vera casaram-se num pequeno cerimónia no terraço da sede da MendesTech. Foi repentino. As manchetes explodiram: “Magnata da tecnologia casa-se com misteriosa pasteleira.” Os críticos riram-se. Os analistas especularam. E Diogo Mendes? Sorriu para as câmeras, segurou a mão dela e agiu como se tudo tivesse sido planeado desde o início.

Mas, nos bastidores, algo se desfazia.

Porque Vera não era quem parecia.

O seu nome verdadeiro não era Vera Sousa. Era Inês Almeida — uma ex-jornalista investigativa que desaparecera do radar público depois de publicar uma reportagem que quase derrubou uma empresa de biotecnologia bilionária… uma com ligações indiretas à MendesTech.

O seu último artigo causara caos jurídico. Ameaças. Um apartamento incendiado. Ela desaparecera, mudara de identidade e aceitara um trabalho tranquilo numaE, no final, entre segredos revelados e vidas refeitas, Diogo e Inês descobriram que o acaso, por mais implausível que parecesse, os unira não por erro, mas por algo mais forte do que ambos poderiam ter imaginado.

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