A Traição no Brinde do Meu Casamento – E a Minha Vingança5 min de lectura

Vi a mão dela pairar sobre a minha taça de champanhe por exatos três segundos. Três segundos que mudaram tudo. A taça de cristal estava lá, na mesa principal, esperando pelo brinde, esperando que eu a levasse aos lábios e bebesse o que a minha nova sogra tinha acabado de colocar dentro.

O pequeno comprimido branco dissolveu-se rápido, deixando quase nenhum rastro nas bolhas douradas. A Carla não sabia que eu estava a observar. Ela pensava que eu estava do outro lado do salão, a rir com as minhas madrinhas, perdida na alegria do meu dia de casamento. Ela pensava que estava sozinha. Pensava que estava segura.

Mas eu vi tudo. O meu coração batia forte contra as costelas enquanto a via a olhar em volta, nervosa, os dedos cuidadosamente pintados a tremerem quando os afastou do meu copo. Um sorriso pequeno e satisfeito curvou os seus lábios, o tipo de sorriso que me fez o sangue gelar. Não pensei. Simplesmente agi.

Quando a Carla voltou ao seu lugar, alisando o vestido de seda caríssimo e pintando o sorriso de mãe-do-noivo, eu já tinha feito a troca. O meu copo estava agora à frente da cadeira dela. O dela, o limpo, esperava por mim.

A Carla foi a primeira a levantar a taça.

Os seus diamantes cintilavam sob a luz do lustre enquanto sorria — aquele sorriso perfeito e ensaiado que enganava todos menos eu. O fotógrafo disparava flashes, os convidados riam, e a banda começou uma suave melodia de jazz.

“À família,” disse ela, com uma voz doce e desprovida de emoção.

Todos levantaram as taças.

“À família,” repeti, com o pulso a martelar tão forte que o ouvia nos meus ouvidos.

Os nossos olhares cruzaram-se pela mesa principal. Os dela, um tom brilhante demais, a expressão um pouco demasiado expectante.

E depois… ela bebeu.

Um gole lento e calculado.

Observei a garganta dela a mover-se, as bolhas a passarem pelos lábios pintados. Todos os instintos gritavam *isto não pode estar a acontecer*.

Mas estava.

E quando a taça dela se apoiou suavemente na toalha da mesa, eu soube que algo irreversível tinha começado.

**Uma Hora Depois**

A festa continuava — risos, tilintar de talheres, o cheiro de pato assado e perfume de champanhe. O meu marido, o Duarte, estava na pista de dança com os padrinhos, as faces coradas de felicidade.

Sorri quando ele olhou para mim. Até acenei.

Mas por dentro, estava a desfazer-me.

De minutos a minutos, olhava para a Carla. Ela estava sentada ao lado do marido, a sorrir demasiado, a mão a tocar ocasionalmente na têmpora como se algo a incomodasse.

No início, pensei que fosse culpa.

Depois, notei a cor a desaparecer-lhe da face.

Ela pestanejou rapidamente, uma, duas vezes — depois agarrou a borda da mesa quando a pulseira de diamantes escorregou pelo pulso.

Algo lhe estava a acontecer.

O que quer que tivesse colocado no meu champanhe… agora corria nas suas próprias veias.

O estômago embrulhou-se-me.

Meu Deus.

E se ela não tivesse querido matar-me? E se fosse outra coisa — algo para me humilhar, ou me deixar doente, ou…

Um baque suave interrompeu os meus pensamentos.

A cadeira da Carla recuou. Ela balançou uma vez — duas — e depois caiu, a cabeça a bater no chão com um som surdo que cortou a música.

Os gritos vieram a seguir.

A banda parou. A multidão aglomerou-se.

O Duarte gritou “Mãe!” e ajoelhou-se ao lado dela.

Alguém chamou um médico. Outro pediu uma ambulância.

Eu fiquei ali parada, congelada, a taça ainda fria na minha mão.

**Duas Horas Depois**

O salão estava vazio. As luzes baixas. Os clarões vermelhos e azuis da ambulância refletiam-se nas paredes de mármore lá fora.

A Carla tinha sido levada para o hospital. O Duarte foi com ela. Eu fiquei para trás, rodeada de bolo a meio comer e flores murchas.

A organizadora do evento murmurou algo sobre adiar a lua de mel. Acenei distraidamente.

O telemóvel vibrou. O nome do Duarte iluminou o ecrã.

Atendi com as mãos a tremer. “Como está ela?”

Ele respirou fundo. “Estão… a fazer exames. Ela acordou, mas está confusa. Os médicos disseram que a tensão arterial caiu de repente — acham que pode ter sido uma reação alérgica.”

Alérgica. O meu pulso acelerou.

“Ela vai ficar bem,” acrescentou rapidamente. “Vão mantê-la em observação durante a noite.”

Não sabia se sentir alívio ou medo.

Porque agora, haveria perguntas.

E a Carla? Ela teria respostas.

**Na Manhã Seguinte**

Quando chegámos ao hospital, a Carla estava sentada na cama, pálida mas lúcida.

Os olhos dela encontraram os meus imediatamente. Algo frio e afiado brilhou neles.

“Oh, querida,” disse, com voz leve, demasiado doce. “Que noite terrível.”

Sorri levemente. “Ainda bem que está melhor.”

“Eu também,” respondeu, e depois os lábios curvaram-se ligeiramente. “Mas é engraçado… não me lembro bem como aconteceu.”

“Talvez deva descansar,” sugeriu o Duarte, pousando um ramo de lírios brancos.

“Vou descansar, querido,” murmurou. “Mas antes de irem — gostaria de falar com a tua esposa a sós. Só um momento.”

O Duarte hesitou, depois beijou-lhe a testa. “Não se esforce demasiado, está bem?”

Quando ele saiu, o ar no quarto mudou — pesado, tenso.

A Carla virou a cabeça lentamente para mim. A doçura desapareceu-lhe do rosto.

“Tro”E, enquanto fechava a porta do hospital, senti que a vida que conheci acabava ali, sem champanhe, sem brinde, apenas com o eco dos nossos segredos a pairar no ar.”

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