A Viúva Rica e as Gêmeas Que Só Dormiam com a Nova Babá… Até o Inesperado Acontecer

O Diário de um Pai
11 de Março, Lisboa

A mansão dos Albuquerque estava em silêncio há anos, apenas interrompido pelo zumbido distante dos aparelhos e pelo eco solitário dos passos nos corredores de mármore. Depois da morte súbita da minha esposa, eu, Diogo Albuquerque—um dos empresários mais influentes de Lisboa—fiquei com dois bebés e uma dor tão pesada que consumia tudo, até a alegria de ser pai.

Mas o silêncio acabou quando os gémeos completaram seis meses.

Choravam a noite inteira, todas as noites. Contratei as melhores amas que o dinheiro podia comprar—mulheres com currículos impressionantes, certificações e referências. Mas uma após a outra, desistiam, dizendo sempre a mesma coisa:

“Eles não param de chorar, Sr. Albuquerque. Não consigo.”

Numa madrugada, sentado no meu escritório às escuras, com a gravata desapertada e os olhos avermelhados, ouvia os gémeos gritarem através da monitorização. O cansaço e a culpa corroíam-me. Consigo gerir um império, mas não consigo confortar os meus próprios filhos.

Na quarta semana sem dormir, a governanta, Dona Lurdes, aproximou-se cautelosamente. “Senhor, conheço alguém que talvez ajude. Ela não é… convencional, mas já fez milagres antes.”

Nem olhei para cima. “Neste momento, pouco me importa. Traga-a.”

No dia seguinte, chegou uma jovem chamada Inês. Era diferente das outras. Não trazia um currículo brilhante. Vestia-se com simplicidade e não tinha portfólio. Mas os olhos eram calmos, e a voz tinha uma brandura que não ouvia há meses.

“Sei que os seus filhos não dormem,” disse suavemente.

Observei-a com cepticismo. “Tem experiência com bebés? Com casos… difíceis?”

Inês assentiu. “Já cuidei de crianças que perderam as mães. Elas não precisam só de comida ou colo. Precisam de se sentir seguras outra vez.”

Fiz uma careta ao mencionar a mãe deles. “E acha que os faz parar de chorar? Ninguém conseguiu.”

Ela fitou-me com determinação. “Não acho. Sei.”

Naquela noite, fiquei à porta do quarto, pronto a intervir. Lá dentro, os gémeos agitavam-se, os gritos agudos e inquietos. Inês não se apressou a pegá-los como as outras. Sentou-se no chão entre os berços, fechou os olhos e começou a cantarolar uma melodia suave e desconhecida.

No início, nada mudou. Mas depois os choros abrandaram… e em minutos, o silêncio preencheu o quarto.

Abri a porta devagar, incrédulo. “Eles… dormem?”

Inês ergueu o olhar, ainda a cantarolar. “Não os acorde,” sussurrou. “Finalmente entregaram o medo.”

Pisquei os olhos. “O que fez? Ninguém os acalmava por mais de dois minutos.”

Ela levantou-se. “Os seus filhos não choram só por fome ou conforto. Choram por alguém que os veja de verdade. Andaram cercados por estranhos. Precisam de ligação, não só de cuidados.”

A partir daí, os gémeos só dormiam com Inês.

Os dias viraram uma semana. Encontrava-me a observá-la mais do que devia. Nunca usava brinquedos ou artifícios. Apenas cantava, contava histórias e segurava-os com uma paciência infinita.

Numa noite, enquanto deitava os gémeos, disse-lhe: “Não entendo como o faz. Fez o que ninguém conseguiu.”

Ela olhou-me tranquilamente. “Não é um truque. Eles sabem que não os vou deixar. É disso que tinham medo.”

As palavras doeram mais do que esperava.

Mas depois aconteceu algo inesperado. Noutra noite, ao passar pelo quarto, ouvi Inês sussurrar aos gémeos:

“Não se preocupem, meus pequenos. São mais fortes do que imaginam. Têm segredos que nem o vosso pai conhece.”

Congelei. Segredos? O que quer ela dizer?

No dia seguinte, notei que ela evitava perguntas sobre o passado. Quando lhe perguntei onde aprendera aquelas canções ou como sabia tanto sobre crianças traumatizadas, mudava de assunto.

Comecei a questionar-me: Quem é Inês, realmente? E porque sinto que sabe mais da minha família do que eu?

Não conseguia esquecer as suas palavras: “Têm segredos que nem o vosso pai conhece.”

O que saberia ela?

Nessa noite, após os gémeos adormecerem, aproximei-me dela na cozinha silenciosa.

“Ouvi o que lhes disse ontem,” comecei com cuidado. “O que quis dizer com segredos?”

Ela ergueu o olhar lentamente, o rosto imperscrutável. “Ainda não é hora de falar.”

“Ainda?” A minha voz afiou-se. “Inês, não pode dizer algo assim e esperar que eu ignore. Se sabe algo sobre os meus filhos, tenho direito a saber.”

Ela pousou o biberão que lavava. “Precisa de confiar em mim mais um pouco. Eles ainda são frágeis. Estão só a começar a dormir, a sentir-se seguros. Se lhe contar agora, pode perturbá-los.”

Aproximei-me. “Inês, contratei-a para ajudar os meus filhos, mas também preciso de honestidade. O que está a esconder envolve-os—e a mim.”

Ela suspirou e finalmente disse: “Venha ao quarto depois da meia-noite. Mostro-lhe.”

Horas depois, esperei no corredor. À meia-noite em ponto, Inês chamou-me para o quarto às escuras. Os gémeos mexeram-se, mas não choraram. Ela ajoelhou-se entre os berços, cantarolando a mesma melodia estranha.

“Veja,” sussurrou.

Começou a cantar—palavras numa língua que não reconheci. Os gémeos, ainda semiadormecidos, estenderam as mãozinhas para ela, como se entendessem cada nota. Então aconteceu algo espantoso: sorriram. Não o sorriso vago dos bebés, mas profundo, intencional.

“Eles conhecem esta canção,” disse Inês em voz baixa. “A sua falecida esposa cantava-lhes quando ainda estavam na barriga.”

Gelei. “O quê? Como sabe isso?”

A voz dela tremeu. “Porque ela ma ensinou.”

O meu coração disparou. “Conhecia a minha mulher?”

“Sim,” admitiu. “Há anos. Fui enfermeira na maternidade onde ela deu à luz. Ela confiou em mim… até me pediu que cuidasse deles se algo lhe acontecesse.”

A minha mente girava. “Isso é impossível. Depois da morte dela, ninguém a mencionou. E você—porque esperou seis meses para aparecer? Porque não veio logo?”

Inês baixou o olhar. “Porque alguém não queria que eu me aproximasse. Alg”Agora, com Inês ao meu lado, percebi que o amor e a verdade sempre encontram um caminho, mesmo nas noites mais escuras.”

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