Depois de 50 anos de casamento, o marido disse que nunca amou a esposa e viveu com ela pelos filhos: a resposta sábia da mulher chocou a todos.
Já imaginaram viver 50 anos com a mesma pessoa?
Quase uma vida inteira… Para muitos, isso parece impossível, mas outros passam a vida toda ao lado de um só amor. Mesmo após tanto tempo, há quem descubra que estava com a pessoa errada.
Para comemorar o aniversário de casamento, os filhos desse casal de idosos organizaram uma pequena festa.
Reuniram amigos e familiares, alugaram um espaço acolhedor em Lisboa. Todos riam, dançavam, brindavam e aproveitavam aquele dia especial.
Depois de alguns discursos e copos de vinho, o marido, o senhor Álvaro Mendes, levantou-se, olhou para a esposa, a dona Beatriz Carvalho, e convidou-a para dançar um fado.
Tocava a mesma melodia que acompanhou o seu primeiro baile de casamento, há tantos anos, no Porto.
Moviam-se devagar, mas com certeza, como se o tempo tivesse voltado atrás. Os convidados emocionavam-se, alguns até enxugavam lágrimas.
Parecia uma cena perfeita, cheia de romance…
Mas, quando a música terminou, o senhor Álvaro afastou-se e disse à esposa:
— Perdoa-me, mas nunca te amei. Na juventude, os meus pais obrigaram-me a casar contigo… Mas nunca consegui amar-te. Agora, quero viver o resto dos meus dias em paz. Os filhos já são adultos, já não precisam de mim como teu marido.
O salão ficou em silêncio. A dona Beatriz empalideceu, os convidados ficaram chocados. Alguém deixou cair uma taça, outros taparam a boca com as mãos. Todos esperavam que ela se descontrolasse, gritasse, chorasse…
Mas a mulher endireitou-se, olhou nos olhos do marido e disse, com calma mas firmeza, algo que deixou todos perplexos e fez o senhor Álvaro arrepender-se amargamente.
— Sabes, eu sempre soube. Desde o início. Mas aceitei-te como eras, porque tive uma escolha: ou seria vítima das circunstâncias, ou transformaria a minha vida numa história de força. Escolhi a segunda.
Fez uma pausa, e todos prestaram atenção a cada palavra.
— Pensas que vivi estes 50 anos por ti? Enganas-te. Vivi pelos nossos filhos, pela família, por mim mesma. E, nesse tempo, aprendi a ser feliz mesmo ao lado de quem não me amava. Porque eu amava — e isso bastou para encher a casa de calor e harmonia.
Virou-se para os convidados, a voz mais firme:
— Mas, se hoje decidiste libertar-te, sabe que eu também estou livre. Já não preciso de calar, de aguentar, ou de dividir os anos que me restam contigo. Vou vivê-los para mim. E, ao contrário de ti, eu sei o que é amar e ser amada — porque o meu amor ninguém mo tira.
O salão suspirou, como se centenas de pessoas tivessem prendido a respiração. O senhor Álvaro baixou os olhos, o rosto marcado pelo remorso. Quis humilhá-la, mas acabou por humilhar-se a si mesmo.
A dona Beatriz sorriu calmamente, ergueu a taça e disse:
— Agora, meus amigos, vamos dançar. A vida continua.
Os convidados aplaudiram de pé. E o senhor Álvaro percebeu, naquele momento, que o tinha perdido tudo.