Ele Não É Meu Filho”, Declarou o Rico com Frieza, Enquanto a Esposa Segurava o BebêEla olhou nos olhos dele e sussurrou: “Mas ele é o seu neto.

A tempestade lá fora rivalizava com a que assolava a casa. Leonor ficou imóvel, os nós dos dedos brancos enquanto segurava o pequeno Tomás contra o peito. O marido, Guilherme Mendonça, bilionário e patriarca da família Mendonça, encarou-a com uma fúria que ela jamais vira nos dez anos de casamento.

“Guilherme, por favor,” sussurrou Leonor, a voz trêmula. “Não sabes o que estás a dizer.”

“Sei perfeitamente,” rosnou ele. “Aquele menino… não é meu. Fiz o teste de DNA na semana passada. Os resultados não deixam dúvidas.”

A acusação doeu mais que um tapa. Os joelhos de Leonor quase cederam.

—Fizeste um teste… sem me dizer?

—Tive de o fazer. Ele não se parece comigo. Não age como eu. E já não podia ignorar os rumores.

—Rumores? Guilherme, é um bebé! E é teu filho! Juro por tudo o que tenho.

Mas Guilherme já tomara a decisão.

—As tuas coisas serão enviadas para a casa do teu pai. Não voltes aqui. Nunca.

Leonor ficou parada mais um instante, esperando que fosse apenas outro dos seus impulsos, aqueles que passavam no dia seguinte. Mas a frieza na voz dele não deixava margem para dúvidas. Virou-se e saiu, os saltos ecoando no mármore enquanto o trovão rugia sobre a mansão.

Leonor crescera numa casa modesta, mas entrara num mundo de luxo ao casar-se com Guilherme. Era elegante, discreta, inteligente—tudo o que as revistas celebravam e a alta sociedade invejava. Mas nada disso importava agora.

Enquanto o carro a levava, com Tomás, de volta à casa do pai no Alentejo, a mente dela rodopiava. Fora fiel. Amara Guilherme, apoiara-o quando os mercados desabaram, quando a imprensa o destruiu, até quando a mãe a rejeitou. E agora, era expulsa como uma estranha.

O pai, António Lopes, abriu a porta, os olhos arregalados ao vê-la.

—Leonor? O que aconteceu?

Ela caiu nos braços dele. “Disse que o Tomás não é dele… Expulsou-nos.”

António cerrou a mandíbula. “Entra, filha.”

Nos dias seguintes, Leonor adaptou-se à nova realidade. A casa era pequena, o seu quarto quase inalterado. Tomás, alheio a tudo, brincava e balbuciava, dando-lhe momentos de paz no meio da dor.

Mas algo a atormentava: o teste de DNA. Como poderia estar errada?

Desesperada por respostas, foi ao laboratório onde Guilherme fizera o exame. Ela também tinha contactos—e favores por cobrar. O que descobriu gelou-lhe o sangue.

O teste fora adulterado.

Enquanto isso, Guilherme permanecia sozinho na mansão, atormentado pelo silêncio. Convencera-se de que agira certo—que não podia criar o filho de outro homem. Mas a culpa corroía-o. Evitava entrar no quarto de Tomás, até que um dia a curiosidade venceu. Ao ver o berço vazio, a girafa de pelúcia e os sapatos minúsculos na prateleira, algo dentro dele quebrou.

A mãe, Dona Beatriz, não ajudava.

“Avisaste, Guilherme,” disse ela, tomando o chá. “Aquela Lopes nunca foi a tua igual.”

Mas até ela estranhou quando ele não respondeu.

Dias passaram. Depois, uma semana.

E então chegou uma carta.

Sem remetente. Apenas uma folha e uma fotografia.

As mãos de Guilherme tremiam ao ler.

“Guilherme, estavas enganado. Gravemente. Quiseste provas—aqui as tens. Encontrei os resultados originais. O teste foi alterado. E esta é a foto que achei no escritório da tua mãe… Sabes o que significa.”
—Leonor

Guilherme olhou para a foto. Era antiga. A preto e branco. Um menino, idêntico ao pequeno Tomás, ao lado de Beatriz Mendonça.

Não era ele. Era o seu pai.

E a semelhança era inegável.

De repente, tudo fez sentido.

A rejeição de Beatriz. A hostilidade contra Leonor. Os subornos aos empregados. E agora—as provas manipuladas.

Ela sabia.

Ela fizera aquilo.

Guilherme levantou-se tão bruscamente que a cadeira caiu. Cerrou os punhos e, pela primeira vez em anos, sentiu medo—não do escândalo ou da reputação, mas do que ele mesmo se tornara.

Expulsara a mulher. O filho.

Por uma mentira.

Guilherme invadiu o quarto da mãe sem bater. Dona Beatriz lia junto à lareira e ergueu o olhar com desdém.

“Alteraste as provas do DNA,” disse ele, a voz gelada.

Ela levantou uma sobrancelha. “Ah, realmente?”

—Vi os resultados reais. Vi a foto. O menino—o meu filho—tem os olhos do avô. E os teus também.

Beatriz fechou o livro com calma e levantou-se.

—Guilherme, um homem por vezes deve tomar decisões difíceis para proteger o legado da família. Aquela mulher—Leonor—teria arruinado tudo.

“Não tinhas direito,” rosnou ele. “Não tinhas direito de destruir a minha família.”

—Ela nunca foi uma de nós.

Ele aproximou-se, trêmulo de fúria.

—Não magoaste só a Leonor. Magoaste o teu neto. Tornaste-me um monstro.

Mas Beatriz encarou-o friamente. “Faz o que tiveres de fazer. Mas lembra-te: o mundo vê o que eu permito que vejam.”

Guilherme bateu a porta. Já não lhe importavam as fofocas nem os jornais. Agora só uma coisa importava: reparar o dano.

Na casa do pai, Leonor estava no jardim, observando Tomás perseguir uma borboleta. Sorriu levemente, mas ainda havia dor nos seus olhos. Todos os dias relembrava as palavras de Guilherme, o momento em que os rejeitara como se nada fossem.

O pai trouxe-lhe uma chávena de chá. “Ele vai voltar,” disse suavemente.

“Não sei se quero que volte,” respondeu ela.

Mas o bater de uma porta de carro ecoou lá fora.

Leonor virou-se e viu Guilherme—desgrenhado, os olhos cheios de remorso—parado no portão.

—Leonor… —a voz dele falhou.

Ela levantou-se, tensa, o coração acelerado.

“Estive errado,” disse ele. “Erradíssimo. A minha mãe adulterou as provas. Descobri a verdade tarde demais. Eu…”

“Expulsaste-me, Guilherme,” interrompeu ela, a voz trémula. “Olhaste-me nos olhos e disseste que o Tomás não era teu.”

—Sei. E vou arrepender-me disso a vida toda.

Aproximou-se, devagar, cautelosamente.

—Falhei como marido… e como pai.

Tomás viu-o e bateu palmas, engatinhando em direção ao portão. Guilherme ajoelhou-se quando o menino tropeçou em sua direção.

Ao cair nos seus braços, Guilherme desfez-se em lágrimas.

“Não mereço isto,” sussurrou no cabelo do filho. “Mas juro que vou conquistá-lo.”

Nas semanas seguintes, Guilherme dedicou-se a provar que podia mudar. Saiu da mansão, cancelou reuniões e passou todo o tempo livre com Tomás e Leonor. Aprendeu a dar-lhe comida, a mudar fraldas e até cantar canções de embalar—mal, mas com o coração.E, sob o céu alentejano, enquanto o sol se punha dourado sobre os campos, a família—por fim unida—descobriu que o amor, quando verdadeiro, sempre encontra o caminho de volta.

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