Ex-Rico reencontra ex-namorando com trigêmeos que são sua cara – e um segredo surpreendente

O bilionário vê a sua ex-namorada, que ele abandonou há 6 anos, à espera de um Uber com três crianças idênticas a ele. O que ele não sabia era que aquelas crianças eram: Francisco Almeida. Ele acabara de sair de uma reunião em Chiado, daquelas intermináveis onde todos se sentem importantes e falam como se estivessem a salvar o mundo. Só queria sair dali. Entrou no seu carro blindado, deu as instruções habituais ao motorista e pegou no telemóvel para ver mensagens enquanto avançavam por uma rua semi-congestionada. Olhou pela janela sem grande interesse, até que a viu.

Ali estava ela, parada no passeio, em frente a uma farmácia, com um rosto cansado e um pouco de desespero. O cabelo estava apressadamente preso, vestia roupa simples e abraçava um saco de compras meio rasgado ao lado dela. Três crianças. Os três com os mesmos olhos, a mesma boca, a mesma expressão de quem olha para todo o lado como se esperassem que algo acontecesse. E aqueles olhos eram os *dele*.

Não podia ser. Não *podia* ser. Inclinou-se para ver melhor, mas nesse momento outro carro atravessou-se entre eles e a imagem desapareceu.

—Pára! — Francisco gritou sem pensar.

O motorista travou a fundo e virou-se preocupado. Francisco abriu a porta sem esperar por resposta, desceu para a rua e olhou desesperadamente. O passeio estava cheio de gente como sempre, mas ela já não estava lá. Caminhou rápido entre os transeuntes, ignorando os comentários de quem o reconheceu. O coração batia a mil. Era ela. Era a Carolina, e aquelas crianças…

Depois de alguns minutos, viu-a a atravessar a rua de mãos dadas com os três miúdos, entrando num carro cinzento que claramente era um Uber. Ficou paralisado. Sentiu o estômago apertar. Não sabia se devia correr, gritar o nome dela ou simplesmente deixá-la ir.

O carro arrancou e desapareceu no trânsito da tarde. Francisco não se mexeu. Ficou ali a ver como aquela cena o deixara a tremer. Regressou ao carro como um autómato. Não disse nada. O motorista olhou para ele no espelho, mas Francisco não proferiu uma palavra. Estava completamente fora de si. A única coisa em que pensava eram naquelas três crianças com a *sua cara*.

Agarrou a testa, fechou os olhos e soltou um suspiro que vinha das profundezas.

Não via a Carolina há 6 anos. Desde aquela madrugada em que decidiu ir-se embora sem se despedir. Não lhe deixou uma mensagem, nada. Sim, ele tinha planos. Estava prestes a fechar um negócio que mudaria tudo. Saiu achando que ela entenderia, que mais tarde haveria tempo para acertar as coisas. Mas esse tempo nunca chegou.

O carro seguiu caminho para o seu apartamento no Estoril. Quando chegou, tirou o casaco com fúria e atirou-o para o sofá. Serviu-se de uma bebida, embora ainda não fossem sequer 5 da tarde. Andou de um lado para o outro, a lembrar tudo o que vivera com a Carolina. O seu riso, a forma como ela o encarava quando falava dos seus sonhos, o modo como o abraçava quando ele chegava tarde e só queria dormir.

Depois pensou naquelas crianças. Como era possível que se parecessem tanto com ele? Pegou no telemóvel e procurou nas redes sociais. Nada. Nem uma foto, nem um vestígio. A Carolina desaparecera do mundo digital como se nunca tivesse existido. Aquilo deixou-o com um frio na barriga. Ele tentara esquecê-la, mas no fundo nunca conseguira. Era daquele tipo de amor que se guarda numa caixinha que não se quer abrir, porque se sabe que vai doer.

Sentou-se à frente do computador, abriu uma pasta encriptada onde guardava ficheiros pessoais e procurou as fotos antigas. Ali estavam elas. A Carolina na praia. A Carolina no apartamento. A Carolina de pijama a rir com a boca cheia de pipocas. Viu-as uma a uma até encontrar uma onde ela o abraçava por trás, com o rosto colado ao seu pescoço. Era uma foto que ela própria tirara com o telemóvel. Olhou para ela durante um tempão e depois apertou os lábios. Sabia o que tinha de fazer.

Ligou ao assistente, o Miguel.

—Preciso que encontres alguém. Chama-se Carolina Mendes. Não tenho morada, só sei que vive em Lisboa e tem três filhos. E mais uma coisa… — hesitou.

—Sim, senhor?

—Essas crianças… podem ser minhas.

Houve um silêncio constrangedor do outro lado da linha.

—Entendido, senhor.

Miguel desligou e Francisco ficou a olhar para a cidade através da janela. Milhares de luzes, milhares de pessoas, mas naquele momento só uma importava.

Não sabia se ela estava zangada, se o odiava ou se já o tinha superado. Mas aquelas crianças…

Não podia deixar assim. Não podia ficar com a dúvida. Porque se fossem o que ele pensava, então a sua vida estava prestes a mudar completamente.

Na manhã seguinte, acordou com uma única coisa em mente: encontrá-la. E desta vez não planeava ir-se embora sem respostas.

Francisco não dormira bem aquela noite. Revolveu-se na cama, olhou para o teto, levantou-se, andou pelo apartamento, atirou-se outra vez para os lençóis. Fechou os olhos e viu novamente aquela cena. A Carolina parada na rua com os três filhos, tão parecidos com ele que até doía. Era como se o passado tivesse voltado subitamente sem aviso e lhe esbofeteara a cara.

No dia seguinte, antes das 8 da manhã, já estava no escritório. A sua equipa cumprimentou-o como sempre, com respeito e sorrisos falsos. Ele mal respondeu. Foi direto para o gabinete, fechou a porta e ficou a olhar pela janela. A cidade inteira seguia a sua rotina. Carros, pessoas, barulho. Mas dentro dele tudo era caos.

Sentou-se à secretária, pegou no telemóvel e começou a verificar as redes outra vez. Procurou o nome dela, a cara dela, qualquer rasto da Carolina. Nada no Facebook. Nada no Instagram. Em lado nenhum. Era como se a terra a tivesse engolido. Aquilo deixou-o mais irritado. Como podia alguém desaparecer assim tão facilmente? Como podia ele, com todos os seus recursos, não ter a mínima ideia?

Miguel chegou com um café e uns papéis. Francisco mal olhou para ele.

—Já sabes alguma coisa? — perguntou secamente.

—Ainda não, chefe. Estamos a ver registos de nascimento e escolas, mas se ela mudou de morada e de apelido, vai demorar.

Francisco acenou com a cabeça. Não estava com disposição para conversas. Quando Miguel saiu, ficou sozinho outra vez. Apoiou os cotovelos na secretária, agarrou a cabeça com as duas mãos e fechou os olhos.

As memórias começaram a vir-lhe como se alguém projetasse um filme na sua mente. Viu-se há 6 anos, mais novo, menos cansado, com aquela ambição que lhe saía pelos poros. Ele e a Carolina viviam juntos num apartamento pequeno em Alfama. Não tinham luxos, mas tinham tudo. Ele trabalhava de casa, a preparar apresentações, a procurar investidores, a tentar lançar a sua primeira empresa. Ela era professora do pré-escolar. Chegava exausta, mas sempre com um sorriso. Riam-se de coisas parvas, encomendavam pizza à noite. Às vezes não tinham gás suficiente e tomavam banho com água fria, mas estavam juntos. E naquela altura, isso bastava.

Depois, a oportunEle estendeu a mão hesitante, sabendo que mesmo com todas as riquezas do mundo, nada valia mais do que aquele instante em que Carolina o fitou com os olhos cheios de lágrimas e, pela primeira vez em seis anos, sussurrou “senta-te, os miúdos querem conhecer o pai”.

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