Rico Abandona Empregada Grávida, Mas Se Arrepende ao Reencontrá-la

**19 de Maio de 2024**

Hoje foi o dia em que tudo mudou.

D. Rodrigo Ventura, o magnata bilionário de Lisboa, sempre achou que poderia comprar o seu caminho para longe de qualquer problema. Mas quando a sua antiga empregada, Carolina, entrou no seu escritório no topo do Edifício Colombo, trazendo consigo um menino de olhos castanhos e covinhas que eram um espelho dos seus, percebeu que havia coisas que o dinheiro não resolvia.

Lembro-me daquela noite, há três anos, quando a tempestade lá fora era só um eco do turbilhão dentro de mim. Eu estava sóbrio o suficiente para saber o que fazia, mas bêbado o suficiente para não me importar. Carolina estava ali, frágil, silenciosa, tão diferente das mulheres que costumavam circular pela minha vida. E depois? Depois, foi só mais um erro numa lista que eu ignorava.

Dois meses depois, ela bateu à minha porta. Na mão, um teste de gravidez. Nos olhos, um medo que eu fingi não ver. “Estou grávida,” sussurrou.

Eu dei-lhe um cheque gordo, assinei um acordo de confidencialidade e mandei-a embora. “Não sou pai material,” disse, evitando o seu olhar. “E não vais destruir o que construí.”

Ela saiu sem responder.

E eu enterrei a culpa no meu orgulho.

Até hoje.

Carolina não veio de uniforme. Vestia um vestido cáqui, os cabelos presos com elegância, a postura firme. E ao seu lado, agarrado à sua mão, estava o meu filho. O meu.

“Achas que vim pedir dinheiro?” perguntou, antes mesmo que eu pudesse falar. “Ele está doente, Rodrigo. Leucemia. Precisas de ser o seu dador.”

O copo de vinho caiu-me da mão.

Ela não precisou de mais palavras. Eu sabia—sabia que não tinha desculpas. Eu fugira do meu próprio sangue.

“Onde é o hospital?” perguntei, a voz rouca.

“São José. Segunda-feira,” respondeu. “Ele já está na lista de espera.”

Antes que saísse, chamei-a: “Carolina.”

Ela parou, mas não se virou.

“Eu errei.”

Ela hesitou. “Nós os dois erramos. Eu vivi com as minhas escolhas. Tu fugiste das tuas.”

Naquela noite, sentado no meu estudo, rodeado de diplomas e capas de revistas que me chamavam “O Rei do Imobiliário”, percebi uma coisa: tudo aquilo era pó. Nada valia mais do que aquele miúdo, lá longe, a lutar por uma vida que eu nem sequer lhe dei a conhecer.

Amanhã, vou ao hospital. Não sei como reparar três anos de ausência, mas sei que não posso continuar a fugir.

O medo que sinto não é da bolsa, não é dos negócios. É de olhar para ele e ver-me ali—e saber que quase o perdi antes mesmo de o ter.

**20 de Maio de 2024**

Cheguei ao Hospital de São José com o coração a bater como se fosse a primeira vez que enfrentava algo que não podia controlar.

A enfermeira sorriu quando me viu. “Ah, Sr. Ventura. O Francisco está no quarto 312. Já perguntou por si três vezes.”

O Francisco. O meu filho.

Ele estava sentado na cama, com um boneco de um touro nas mãos e um prato de puré de batata intocado ao lado. Os olhos iluminaram-se quando me viu.

“Olá, pai.”

Quase caí. Nunca ninguém me chamara aquilo com tanto amor.

Passámos a tarde a conversar. Falei-lhe da vista do meu apartamento no Marquês de Pombal, prometi levá-lo ao Oceanário quando saísse dali, e fiz caretas até ele se rir—um som que me doeu de tão puro.

A Carolina observava, calada, os braços cruzados. Não era hostilidade—era proteção.

Os testes confirmaram: era compatível. O transplante está marcado para daqui a três dias.

**Um mês depois**

O Francisco está melhor. Ainda fraco, mas a recuperar. Eu visito-o todos os dias. Levo-lhe pastéis de nata (que a Carolina diz que são maus para ele, mas eu insisto), leio-lhe histórias, ensino-lhe a jogar xadrez.

Hoje, enquanto ele dormia, fiquei com a Carolina no corredor. Ela parecia cansada—cansada de anos a carregar tudo sozinha.

“O Francisco é a única coisa boa que tirei de ti,” disse ela, sem rancor.

“Eu devia ter estado aqui,” respondi.

Ela olhou-me fixamente. “Porque não estiveste?”

A verdade saiu-me como um suspiro: “Porque tive medo de ser como o meu pai—um homem que só sabia mandar, nunca amar.”

Ela abanou a cabeça. “Mas o amor não se compra, Rodrigo. Constrói-se.”

**Um ano depois**

Casámos num jardim em Sintra, debaixo de uma árvore centenária. O Francisco atirava pétalas e gritava: “Agora chamam-se Ventura e Silva!”

A Carolina usava um vestido branco simples. Eu, sem gravata—finalmente livre.

Quando a nos declararam marido e mulher, apertei a sua mão e pensei: afinal, a única fortuna que vale a pena ter é esta.

Ela, ele, e esta vida que quase perdi por orgulho.

Agora, todos os sábados, vou buscá-los a casa e levamo-los a passear. Às vezes, paro e olho para os dois—o Francisco com os meus olhos, a Carolina com a força que eu nunca tive—e percebo: sou, finalmente, rico.

Leave a Comment