Um Estranho Deixava Flores no Túmulo do Meu Marido Toda Semana—O Que Descobri Me Deixou Sem Palavras

Há um ano que o meu marido João partiu, e todos os dias 15 do mês, visito o seu túmulo—só eu, o silêncio e as nossas memórias. Mas alguém chegava sempre antes, deixando flores frescas. Quem seria? Quando descobri, fiquei paralisada, com lágrimas a escorrerem-me pela cara.

Dizem que a dor muda com o tempo, mas nunca desaparece. Depois de 35 anos de casamento, fiquei sozinha na nossa cozinha, assustada com o silêncio onde costumavam estar os passos matinais do João.

Um ano após o acidente, ainda procurava-o no sono. Acordar sem ele não se tornou mais fácil—apenas aprendi a carregar a saudade.

“Mãe? Estás pronta?” A Inês estava à porta, com as chaves a tilintar na mão. A minha filha tinha os olhos castanhos cálidos do pai, com pequenos reflexos dourados que captavam a luz de forma perfeita.

“Já vou buscar o casaco, querida,” respondi, esboçando um sorriso pequeno.

Era dia 15—o nosso aniversário de casamento e a minha visita mensal ao cemitério. A Inês começara a acompanhar-me, preocupada por eu ir sozinha.

“Posso esperar no carro se quiseres um tempo,” ofereceu ela, ao entrarmos no cemitério.

“Seria bom, flor. Não demoro.”

O caminho para o jazigo do João era familiar—doze passos a partir do grande carvalho, depois virar à direita no anjo de pedra. Mas quando cheguei perto, parei.

Um ramo de cravos brancos estava cuidadosamente colocado junto à lápide.

“Isto é estranho,” murmurei, tocando nas pétalas macias.

“O quê?” chamou a Inês de trás.

“Alguém deixou flores outra vez.”

“Talvez algum amigo do pai do trabalho?”

Abanei a cabeça. “Estão sempre frescas.”

“Incomoda-te?”

Olhei para os cravos, sentindo um conforto estranho. “Não. Quero saber quem é que continua a lembrar-se dele assim.”

“Talvez descubramos na próxima vez,” disse a Inês, apertando-me o ombro.

A caminhar de volta para o carro, senti como se o João estivesse a observar-me, com aquele sorriso maroto que tanto me fazia falta.

“Quem quer que seja,” disse eu, “deve tê-lo amado também.”

A primavera deu lugar ao verão, e cada visita trazia flores novas no jazigo do João. Margaridas em junho. Girassóis em julho. Sempre frescas, sempre lá na sexta antes das minhas visitas dominicais.

Numa manhã quente de agosto, decidi ir mais cedo. Talvez apanhasse a pessoa misteriosa a deixar as flores. A Inês não pôde vir, por isso fui sozinha.

O cemitério estava silencioso, exceto pelo som suave de um ancinho a varrer folhas secas. Um jardineiro estava a limpar perto de um monumento. Conhecia-o—um homem mais velho de mãos calejadas, que sempre acenava com simpatia quando passávamos.

“Com licença,” chamei, aproximando-me. “Posso perguntar-lhe uma coisa?”

Ele parou, limpando o suor da testa. “Bom dia, senhora.”

“Alguém tem deixado flores no jazigo do meu marido todas as semanas. Sabe quem é?”

Ele nem hesitou. “Ah, sim. O rapaz das sextas. Vem pontualmente desde o verão passado.”

“Um rapaz?” O meu coração saltou. “Um homem vem todas as sextas?”

“Exato. Reservado. Talvez na casa dos trinta. Cabelo escuro. Traz as flores pessoalmente, coloca-as com cuidado. Fica um bom tempo, às vezes até fala.”

A minha mente acelerou. O João tinha muitos amigos—colegas do ensino, antigos alunos. Mas alguém assim tão dedicado?

“Pode…” hesitei, sentindo-me tímida. “Se o vir outra vez, pode tirar uma foto? Preciso de saber.”

Ele olhou para mim por um momento, depois acenou. “Compreendo, senhora. Farei o possível.”

“Obrigada,” disse baixinho. “Significa muito.”

“Algumas ligações,” murmurou ele, olhando para o jazigo do João, “não desaparecem, mesmo depois de alguém partir. Isso é especial, à sua maneira.”

Quatro semanas depois, o telemóvel tocou enquanto estava a dobrar roupa. Era o jardineiro, o Manuel. Tinha-lhe dado o meu número caso descobrisse algo.

“Senhora? É o Manuel, do cemitério. Tenho aquela foto que queria.”

As minhas mãos tremeram ao agradecer, prometendo passar por lá nessa tarde.

O ar de setembro estava fresco ao entrar pelo portão do cemitério. O Manuel estava junto ao abrigo dos jardineiros, segurando o telemóvel com alguma dificuldade.

“Ele veio mais cedo hoje,” disse. “Tirei a foto por trás dos plátanos. Espero que esteja bem.”

“Está mais do que bem. Obrigada.”

Ele entregou-me o telemóvel, e quando olhei para o ecrã, congelei.

O homem ajoelhado junto ao túmulo do João, colocando tulipas amarelas com cuidado, parecia tão familiar. Os ombros largos, a ligeira inclinação da cabeça… Tinha visto isso inúmeras vezes à nossa mesa de jantar.

“Está bem, senhora?” A voz do Manuel soou distante.

“Sim,” respondi, engasgada, devolvendo-lhe o telemóvel. “Obrigada. Conheço-o.”

Caminhei para o carro em transe, a mente a fervilhar. Enviei uma mensagem à Inês: “O jantar mantém-se para hoje?”

A resposta foi rápida: “Sim! O Tiago está a fazer a famosa lasanha dele. Às 20h. Estás bem?”

“Perfeito. Até logo.”

O cheiro de alho e molho de tomate encheu a casa da Inês quando cheguei. O meu neto, o Martim, de sete anos, correu para mim, quase me derrubando com o abraço.

“Avó! Trouxeste bolachas?”

“Não hoje, meu amor. Na próxima, prometo.”

O meu genro, o Tiago, apareceu no corredor, limpando as mãos a um pano.

“Teresa! Chegaste na hora. O jantar está quase pronto.” Inclinou-se para o nosso habitual beijo no rosto.

O jantar decorreu como sempre—o Martim a pedir mais pão de alho, a Inês a gozar com o Tiago. Ri-me com eles, mas a minha mente estava noutro lugar.

Quando a Inês levou o Martim para o banho, eu e o Tiago arrumámos a mesa em silêncio.

“Mais vinho?” ofereceu ele, segurando a garrafa.

“Sim.” Peguei no copo e respirei fundo. “Tiago, preciso de te perguntar uma coisa.”

Ele olhou para mim, sobrancelhas levantadas. “Sim?”

“Eu sei que és tu. És tu que tens deixado flores no jazigo do João.”

O copo que ele segurava parou a meio caminho da máquina de lavar. Pousou-o devagar, os ombros a curvarem-se como se um peso enorme os pressionasse.

“Há quanto tempo sabes?”

“Só hoje. Mas as flores… estão lá há meses. Todas as sextas.”

O Tiago fechou os olhos por um instante, depois puxou uma cadeira e sentou-se. “Não queria que descobrisses. Não era… para aparecer.”

“Porquê, Tiago? Tu e o João… não eram assim tão próximos.”

Ele ergueu o olhar, os olhos brilhando de lágrimas. “Aí é que te enganas, Teresa. AproximáE no silêncio daquela noite, enquanto os nossos corações se aproximavam em perdão, senti que o João sorria lá do céu, orgulhoso de ver a sua família encontrar a paz que ele sempre desejou para nós.

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