Uma Mulher Humilhada Pela Noiva Até Seu Marido Multimilionário Intervir

Olá, eu sou a Mariana. Se me perguntassem há três anos onde imaginava que a vida me levaria, teria dito algum lugar calmo, talvez até um pouco aborrecido.

Sou educadora de infância na Escola Primária da Encosta do Sol e, honestamente, não me vejo a fazer outra coisa. A minha sala de aula é um rebuliço de purpurina, pinturas com os dedos e aquela beleza caótica que só os miúdos de cinco anos conseguem criar.

Foi há três anos, quando estava a corrigir trabalhos no meu café favorito no Chiado, que um homem esbarrou e entornou o meu café em cima da mesa. Chamava-se Eduardo. Tinha uns olhos serenos, quentes e curiosos. Vestia jeans e uma camisa simples, nada de especial, e quando se ofereceu para me pagar outro café para compensar o acidente, eu corou e aceitei.

O Eduardo era diferente — genuíno de uma forma refrescante. Não tentou impressionar-me com histórias exageradas ou conversa fiada. Falamos de livros, dos meus alunos, dos seus filmes preferidos a preto e branco. Ele ouvia como se as minhas palavras fossem importantes, como se cada frase que eu dizia tivesse valor.

O nosso casamento foi íntimo — a minha família, alguns amigos e, estranhamente, nenhum familiar dele. Quando perguntei, ele apenas disse que a família dele era “complicada” e que tudo o que precisava era de mim. Disse-o com tanta doçura que a minha curiosidade desapareceu. Alugámos um apartamento pequeno do outro lado da cidade, decorado com móveis em segunda mão e tesouros de feiras da ladra.

Na passada terça-feira, estava a cozinhar esparguete na nossa cozinha minúscula quando ouvi o Eduardo a prender a respiração. Estava a segurar um envelope grosso, cor de marfim, como se pudesse explodir. O papel era pesado ao toque, e o remetente estava gravado a dourado. “É da minha mãe”, disse ele, com a voz baixa.

Dentro do envelope, estava um convite para o encontro anual da família — algo que ele nunca tinha mencionado.

“Não precisamos de ir”, disse eu, suavemente.

“Não”, respondeu ele. “Precisamos. Está na hora.” A voz dele tinha uma firmeza que não reconheci — como se estivesse a preparar-se para uma tempestade.

“Mariana”, continuou, “há coisas que devia ter-te contado sobre a minha família. Mas depois do sábado, vais perceber porque é que as mantive afastadas da nossa vida.”

O sábado chegou com céus cinzentos e uma chuvisqueira que combinava com os meus nervos. Experimentei tudo o que tinha no armário antes de decidir por um vestido azul-marinho que tinha comprado numa liquidação na primavera passada. O endereço levou-nos a uma parte da cidade onde nunca tinha estado — avenidas compridas, portões de ferro imponentes e casas que mais pareciam palácios.

Quando o GPS do Eduardo anunciou que havíamos chegado, achei que fosse engano.
O portão à nossa frente era digno de um museu. Carros que só via em revistas enchiam o caminho circular: sedãs de luxo, um Ferrari vermelho, algo que parecia um Bentley.

Devia ter parecido em pânico, porque o Eduardo apertou a minha mão com delicadeza.

“Olha”, disse, com a voz quente e calma outra vez. “És linda. És boa. És a melhor coisa que me aconteceu. Isso é o que importa.”

Antes de batermos, a porta abriu-se, revelando uma mulher cuja presença gelou o ar.

“Eduardo”, disse ela. O nome dele soou como uma transação nos seus lábios — fria, cortante, calculista. “Afinal vieste.”

“Olá, Mãe”, respondeu ele, com a voz subitamente rígida, sem a sua habitual gentileza.

“Esta é a minha esposa, Mariana.”

“Ah, Mariana. Finalmente.”

Dentro da mansão, mais pessoas esperavam — dispostas como peças de arte, cada uma a transpirar riqueza. O irmão do Eduardo, o Tiago, encostava-se a uma lareira enorme, com um copo de cristal na mão. O fato dele provavelmente custava mais do que o meu guarda-roupa inteiro.

“Ora bem”, disse o Tiago, os olhos a percorrerem-me. “A esposa misteriosa finalmente aparece.” Ao lado dele, estava a mulher, a Catarina — glamorosa de forma calculada, desde os caracóis brilhantes até ao vestido de marca que reluzia.

“Mariana”, disse a Catarina, com um sorriso demasiado perfeito. “Que vestido encantador. Tão… pitoresco.” A palavra caiu como um elogio envenenado.

“E esta”, acrescentou o Tiago, com ar de suficiência, “é a mulher que tirou o tio Eduardo do mapa?”

Foi anunciado o jantar, e vi o meu reflexo num espelho dourado enquanto passávamos pelo corredor. A sala de jantar parecia uma exposição de museu — intimidação vestida de veludo e prata.

O Eduardo e eu sentámo-nos em frente ao Tiago e à Catarina. Lá ao fundo, o irmão mais novo, o Rafael, mal levantou os olhos do telemóvel. As cadeiras estavam dispostas de propósito — todos os olhos voltados para mim.

A primeira entrada chegou, servida por funcionários de uniforme que se moviam em silêncio. Agradeci a cada um e senti imediatamente os olhares julgadores. Agradecer aos empregados, ao que parecia, era outro pecado social neste mundo.

A mãe do Eduardo, a Margarida, cortava a comida com delicadeza, sem nunca desviar os olhos de mim. “Então, Mariana”, disse, “fala-nos da tua família. O que é que o teu pai faz?”

“É mecânico”, respondi. “Tem uma oficina pequena no centro.”

Silêncio. Espesso, pesado, julgador.

O Tiago ergueu uma sobrancelha para a Catarina. Até o Rafael olhou, ligeiramente divertido.

“Que… empreendedor”, disse a Margarida, finalmente, com um tom cortante.

A Catarina pegou no assunto, cada palavra mergulhada em doçura falsa. “Que fascinante! Nunca conheci uma filha de mecânico. Deve ter sido uma educação tão… diferente.” Ela disse “diferente” como se fosse uma doença.

Depois lançou-se num discurso polido sobre a sua infância — pai juiz federal, mãe em conselhos de caridade, angariou milhões num único evento. O colar dela brilhava como um pequeno planeta.
O Tiago juntou-se com conversas sobre aquisições e carteiras de investimento. A fachada de polidez começou a rachar.

A Margarida colocou o copo de vinho na mesa. “Eduardo”, disse.

“Não conseguiste arranjar alguém mais… adequada para o teu estatuto?”

O Tiago concordou. “O que é que trazes para a mesa, Mariana, além da tua história encantadora?”

“Trago amor”, disse eu, com a voz a tremer. “Amo o teu filho — o teu irmão. Isso não conta?”

A Catarina riu-se baixinho. “O amor é bonito, claro. Mas o amor não ajuda a gerir um império, pois não? Uma educadora de infância?”, acrescentou.

“Deve ganhar o quê — 15 mil euros por ano? Isso é menos do que a Margarida gasta no jardim num ano!”

A Margarida sorriu friamente. “Temos padrões nesta família. E, francamente, Mariana, não sei se percebes no que é que te meteste.”

“Precisamos de alguém ao lado do Eduardo que possa organizar eventos, fazer contactos, representar-nos. Não alguém que está claramente a nadar em águas profundas.”

As minhas mãos tremiam debaixo da mesa, mas não conseguia escondê-loE anos depois, numa pequena escola no bairro onde viviam, Eduardo e Mariana ouviam as gargalhadas das crianças, sabendo que o verdadeiro luxo não estava nos palácios, mas naquele apartamento cheio de amor e histórias para contar.

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